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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Encontro Marcante


O que é um encontro?

Segundo o dicionário o encontro é uma casual posição face a face com uma pessoa ou coisa. Pode ser também ligação, união.  
Partindo destes significados quero aprofundar mais sobre o tema proposto para partilharmos nestas páginas. Todos nós já tivemos um encontro na vida, seja de negócios, pra conhecer uma pessoa, encontro de famílias, de amigos. O fato é que já nos encontramos e fomos encontrados em diversas circunstâncias, em casamentos, festas, aniversários, velórios, entre risos e lágrimas e cada encontro deixa uma saudade, uma dor, uma alegria ou uma esperança ou ainda um vazio.
E neste exato momento que está lendo este texto, como você se encontra? Triste, abatido, feliz, cheio de esperança, realizado ou sem rumo? Que tipo de encontro tem buscado e esperado em sua vida? Um encontro de amor, de um ente querido que mora longe ou do amigo que partiu?  Muitos esperam no leito o encontro com a morte e outros o encontro com a vida, pois caminham lado a lado com a morte.
Na verdade cada encontro é bem pessoal. Cada um reage de uma maneira em um mesmo tipo de encontro. Quando alguém encontra o emprego dos seus sonhos costuma pular de alegria, outros apenas sorriem, outros ainda ficam tão pasmados e parecem não acreditar no que está acontecendo e assim por diante.  É uma emoção ímpar, um sentimento de desejo realizado, de felicidade no ar.
Achei interessante o significado de união, ligação, pois realmente acontece assim. O que acontece quando o rio encontra o mar? Por mais diferente que sejam acabam se unindo. Quando a chuva encontra com a terra se une e faz o barro, a lama. Quando se constrói uma ponte sobre um rio ela encontra o outro lado da margem fazendo uma ligação. Quando um homem e uma mulher se encontram apaixonados se unem em matrimônio.
Falei de todos estes encontros para termos uma idéia bem explanada sobre o que é um encontro, como acontece e o que nos proporciona cada tipo de encontro para depois perguntar o que é um encontro com Deus? Você já o encontrou? Como foi?
Cada encontro nos proporciona algo e o encontro com Deus nos leva ao encontro de nós mesmos, com todas as nossas misérias e imperfeições, nos leva a uma vida nova, a amar o próximo e acolhê-lo em nosso coração. Quando a pessoa encontra Deus já não é mais a mesma e passa a querer o que Deus quer, sente o desejo de viver uma perfeita união com Ele. Quando se tem um encontro com Deus não precisa sair gritando pra todo o mundo ouvir. Suas atitudes falarão por si mesmas, pois o velho dará lugar ao novo; e nesta união com o Pai buscará sempre a implantação do seu reino, será movido pelo Espírito Santo. Caindo se levantará, transgredindo buscará reconciliação porque não conseguirá viver brigado com o Grande amigo, sentirá falta de sua voz, de seu abraço de pai, e jamais será feliz longe dele.  Pode ter ilusões de felicidade, mas feliz mesmo só caminhando lado a lado com Deus. E essa descoberta é fascinante e nos impulsiona cada dia mais a seguir firme nesta união e levar mais pessoas a ter esse encontro pessoal com o Pai. Este é o objetivo deste livro, portanto espero que ao final da leitura o leitor já esteja nos braços de Deus.

1 – O meu encontro com Deus

Eu nasci num lar católico e desde cedo fui inserido na igreja, recebendo os sacramentos iniciais e com o passar dos anos ao sair da casa de meus pais eu conheci o mundo e no mundo conheci muita coisa maravilhosa, muita coisa bonita, prazeres, vícios. Acabei me afastando de tudo aquilo que aprendi na minha infância, afastei da casa de Deus, do seu coração e por desviar do caminho que Ele havia planejado pra mim, acredito que deixei de receber muitas bênçãos, não por castigo, mas não ter permitido que Ele me guiasse. “Assim diz Javé, o redentor de você, o Santo de Israel: Eu sou Javé, o seu Deus, que ensino a você para o seu bem e o guio pelo caminho que você deve seguir.” (Is. 48,17). Fui surdo ao seu apelo, usei o meu livre arbítrio e rejeitei os planos Dele pra mim, então com sua permissão de pai amoroso que não nos aprisiona eu mergulhei no vício. “Se você tivesse obedecido aos meus mandamentos, sua paz seria como rio e sua justiça como ondas do mar...” (Is. 48,18). E perdi minha paz mesmo. Longe dos meus pais, dos amigos, numa capital... Não encontrei o que procurava; afastei-me da vida; mesmo indo vez ou outra à igreja, me sentia vazio e só o álcool me satisfazia e tornava possível pra mim todas as coisas.
Acredito que Deus com seu amor de Pai tenha me mandado muitos anjos para me resgatar, mas minha cegueira os impediu de ver, tenho certeza que muito me falou pedindo pra voltar, mas eu só ouvia a voz do mundo e mais me afundava na bebida. Aos poucos fui ficando deprimido e não conseguia mais trabalhar sem me embriagar primeiro. Quando ficava sóbrio eu via a loucura que eu estava fazendo, percebia que tudo estava dando errado, que meus passos estavam me levando para um caminho que não sonhei e nem foi ensinado por meus pais e aquilo me devorava por dentro e a forma de esquecer era beber, pois o álcool me fazia viajar e esquecer todos os problemas.
Um dia decidi voltar pra minha cidade. Pedi demissão. Mas eu não sabia como voltar daquele jeito pra casa. Não queria que meus pais sofressem, mas não queria morrer longe deles, não queria aquela vida pra mim, mas estava sem forças, perdido. Chamei alguém que eu considerava como amigo, alguém que dividiu muitos copos de cerveja comigo. Queria desabafar, falar o que eu estava vivendo, falar das minhas angústias, dos meus sonhos desfeitos. Na verdade era um pedido de ajuda, ou melhor, um grito de socorro, mas “meu amigo” não foi capaz de me ouvir. Uma lança atravessou meu peito naquele momento e embalado pelas sugestões do inimigo que me espreitava eu tomei alguns remédios misturados em bebida para por fim a todo aquele sofrimento. Mas nada me aconteceu naquele dia.
Um dia depois quando entrei no ônibus de volta pra minha cidade comecei a passar mal. Uma cólica abdominal que parecia me matar. Era véspera do dia das mães, a páscoa tinha acontecido naqueles dias e uma linda moça sentava ao meu lado e comia um ovo de chocolate. Ofereceu-me, mas recusei. Eu tentava a todo instante segurar aquela dor e suportá-la. Não queria alarmar ninguém naquele ônibus. Nem pude desfrutar da companhia daquela bela jovem que dividia a cadeira comigo. Quando cheguei à cidade onde mora minha irmã, fui direto para o hospital. Não conseguia andar tamanha a dor que eu sentia. Ela e meu cunhado não entenderam nada, mas me levaram imediatamente para o pronto socorro. Eu não tive coragem de lhes contar nada. Eu estava sóbrio e a vergonha tomou conta de mim. Sentia-me um lixo, um ingrato e temia encontrar meus pais que moravam numa cidade próxima.
Fiquei em observação tomando soro, fiz vários exames e não detectaram nada. De madrugada tive uma forte diarreia e no outro dia a dor já não me incomodava tanto. Era o dia das mães. Não queriam me dar alta, tive que assinar um termo pra me liberarem. Assinei e fui encontrar os meus pais e comemorar o dia das mães. Foi tão emocionante aquele reencontro. Verti algumas lágrimas. Primeiro por ver meus amados pais, depois por estar vivo, de arrependimento. Eu os olhava e pensava: “Se souberem o que tentei fazer morrem de desgosto”. Aquilo me martirizava e me machucava como um punhal que fere a carne. Eles que sempre tudo fizeram por mim, eles que sempre cuidaram da minha vida e eu um ingrato que não valorizei tudo que me fizeram. Joguei fora os seus ensinamentos em troca de um copo de cachaça, em troca de um prazer mundano.
Mas a minha fraqueza era tanta que não parei com o vício. Fui morar na casa de minha irmã, pois meus pais moravam num sítio. Lá fiz amizades e continuei afastado da igreja e de Deus. Saia com a turma para beber e outras vezes era na calçada da minha casa mesmo. A minha irmã me dava conselhos, mas soava como importunação. Chamava para eu ir à igreja com ela, mas eu sempre dava uma desculpa. Algumas vizinhas me chamavam para ir ao grupo de jovens, mas eu nunca fui.
Depois de um tempo voltei para meus pais e no dia do meu aniversário os vizinhos me fizeram uma surpresa. Leram a palavra de Deus e com um palavreado simples, pronúncias erradas mesmo de algumas palavras, cânticos sem instrumento e pouco afinados. Nesta simplicidade eu encontrei Deus e a emoção tomou conta de mim. Algumas lágrimas escorreram em minha face, mas me contive e tratei logo de enxugá-las disfarçadamente, pois ainda guardava o conceito de que homem não chora. Isto foi em outubro de 1995.
A partir daquele encontro a minha vida começou a mudar, senti necessidade de falar de Deus para as pessoas, comecei a estudar a Bíblia e um ardor dentro de mim me impulsionava a conhecer mais sobre Deus, sua palavra, seus ensinamentos. Um desejo de viver constantemente em sua presença nasceu dentro de mim. Comecei a participar de cursos de preparação para o Natal, para a Semana Santa, e algumas vezes saía para aplicar também, como diziam na região. Dois anos depois participei de um curso de formação jovem e me aproximei mais ainda de Deus.
Muita coisa na igreja eu não entendia e algumas até nem aceitava. A eucaristia, por exemplo, era algo que ia além da minha compreensão, e por mais que eu entendesse, eu não consegui imaginar Jesus naquela partícula tão minúscula, mas nunca duvidei da sua presença. Eu não o sentia como via os outros comentarem. Eu olhava, olhava e não via nada além de um pedaço de pão. Mas logo que fiz o curso, fui chamado para dar uma palestra sobre os sacramentos. Na verdade inicialmente fui convidado a trabalhar no curso exercendo outra função, e três dias antes o coordenador do curso me disse que era pra eu substituir o padre naquela palestra. Pensei que ele estava louco, mas de ímpeto respondi que sim. Fiquei apreensivo, pois no final dela entraria Jesus para ser adorado. E as primeiras palavras seriam ditas por mim. Como falar pra sentirem se eu não sentia nada? Mas Jesus é fantástico.
Quando me chamaram à frente, confesso que me deu uma enorme vontade de voltar e minhas pernas pareciam amarradas uma na outra. Eu tremia e suava ao mesmo tempo. Mas enfim consegui chegar ao final da palestra e quando abriram as portas para o padre entrar com o ostensório, eu só via Jesus vindo em minha direção como que perguntando: “Você está me vendo agora? Eu vim ao seu encontro, meu filho” Eu disse algumas palavras apenas e me derramei em lágrimas e naquele momento eu me senti abraçado, amado, acariciado e não tive vontade de sair de perto de Jesus. Levou-me a entender o quanto me amava. Quando tentei o suicídio, Deus não me deixou passar mal longe dos meus. Permitiu que os remédios ingeridos com álcool só fizessem o estrago quando eu estive a caminho de casa. Deus é Pai.
Desde então tenho trabalhado para o reino de Deus, tenho experimentado o seu poder em minha vida de na de muitas pessoas. Luto pela minha santidade e a dos meus irmãos. Já tive quedas e tropeços, mas eu acredito que o que diferencia uma pessoa que teve um encontro com Deus é a capacidade de recomeçar, a coragem de admitir os erros e a busca da reconciliação. Como diz São Paulo, “eu sei em quem depositei a minha fé.” Por mais árduo que pareça o meu caminho, eu sei que não estou só, ainda que eu não o sinta, ainda que eu não o veja, ainda que eu não tenha os mesmos gozos espirituais do início da minha caminhada, eu sei que Deus está comigo.
Eu andei por muitos caminhos, hoje ando no Caminho de Deus e procuro não desviar dele, quero conformar a minha vontade com a Dele e permanecer fiel. Esta é a minha vontade.


2 – O filho pródigo (Lc 15, 11-32)

Acho minha história um pouco parecida com a do filho pródigo, embora eu não tenha pedido a minha herança, mas pelo afastamento do pai, pela entrega aos prazeres da carne. E acredito que há muitos filhos pródigos pelo mundo afora, uns que já retornaram ao seio familiar, outros que ainda andam perdidos, comendo a lavagem que o mundo oferece. Este capítulo é para você que um dia deixou o caminho de Deus para viver o seu próprio caminho, é para você que sonha voltar pra casa, mas está sem jeito, com medo de críticas, com medo do abraço do pai.
Conta a palavra de Deus que um homem tinha dois filhos. Certo dia o mais novo chegou para o pai e pediu a parte da herança que lhe cabia. Você já parou pra pensar como este filho pediu ao pai esta herança? Será que ele chegou de mansinho ou foi arrogante? Como será que procedeu este diálogo?  Acredito que o filho tenha sido bastante imperativo, pois como traz o texto Pai, me dá a parte da herança que me cabe!”. Ele foi incisivo. Não deu alternativa para o pai. Não houve por favor, não houve será que é possível o senhor me dá a minha parte da herança...  Foi contundente naquilo que queria: “Pai, me dá a minha herança”.  Ele deu uma ordem ao próprio pai. Inverteu os papéis e talvez pela sua ânsia de partir nem se deu conta do que estava fazendo, talvez nem percebeu as possíveis lágrimas nos olhos do pai ou talvez a voz engasgada atendendo aquele pedido tão inesperado. Quantas vezes agimos assim diante daqueles a quem amamos? Quantas vezes agimos assim quando queremos algo? Ouvimos só a nós mesmos e nada que nos cerca tem importância, o que importa é ir adiante em busca de meus objetivos sem se importar se alguém está ficando ferido ou não. Com certeza aquele pai ficou sangrando de dor. O egoísmo falou mais alto e todos os sentidos daquele jovem ficaram obscurecidos pela sua sede de receber a herança.
 Herança são os bens recebidos de alguém após sua morte, portanto naquele momento podemos concluir que para aquele filho seu pai estava morto. O que importava para ele era ter o seu dinheiro na mão. Não pensou no seu irmão mais velho, não pensou no seu pai, só em si mesmo, esqueceu talvez que o coração de seu pai ainda pulsava, mas pra ele nada daquilo mais importava. Queria partir.
 De posse da herança ele partiu para um lugar distante. Lá esbanjou tudo numa vida desenfreada. Aproveitou os prazeres que o mundo ofereceu. Com certeza fez muitos “amigos” enquanto tinha dinheiro, conquistou muitas mulheres. E neste período de fartura nem se lembrou do pai. Não é diferente com muitas pessoas hoje em dia. Eu vivi isso como relatei no capítulo anterior. É um mergulho no nada e cada vez queremos mais e mais e nada nos satisfaz, por isso a necessidade de buscar mais e mais e até nos consumirmos, até não termos mais forças físicas. Quando gastou tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região. Ele começou então a passar necessidade. Acabou parando num sítio onde cuidava dos porcos e a fome era tanto que desejou comer a lavagem dos porcos, mas nem isso lhe davam. Quando saímos da presença de Deus, deixamos um banquete para comer lavagem, deixamos um jardim de delícias para viver num labirinto, não sabemos pra onde estamos indo e cada caminho nos leva a um lugar diferente, a experimentar um pecado novo, uma nova transgressão, enquanto o caminho do Pai nos leva a único lugar: o céu.
 Caindo em si lembrou-se dos empregados do seu pai, os quais tinham pão com fartura e ele naquele lugar distante e passando fome. Decidiu voltar. Tão logo seu pai o avistou encheu-se de compaixão. Correu ao seu encontro, o abraçou e o cobriu de beijos. Então o filho disse: “Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho”. O pai, porém, pediu aos empregados que trouxessem depressa a melhor túnica para vestir seu filho. Pediu que colocassem um anel em seu dedo e sandálias nos pés. Pediu ainda que matassem um novilho gordo para fazer um banquete. E completou dizendo: “Porque este meu filho estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado.”
Com certeza este filho ficou surpreendido com a atitude do pai, pois quando decidiu voltar para a casa ele trazia este pensamento em seu coração: “... vou me levantar, e vou encontrar meu pai, e dizer a ele: - Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho. Trata-me com um dos teus empregados.”  Imagine alguém que esperava ser tratado como um empregado ser recebido com festa, receber roupas novas e ser coberto de beijos e envolvido pelos braços calorosos do pai. Quanta emoção se passou naquele instante! Eu imagino o que aquele filho sentiu ao ser recebido sem um dedo apontado para o seu nariz. Quanta alegria ele teve em seu coração ao receber o perdão, a misericórdia do pai! Talvez ele viesse pensando pelo caminho como convencer seu pai para aceitá-lo de volta, talvez viesse ensaiando a fala, trêmulo, agitado, sem graça, mas nada foi como imaginou, e aquilo o impactou. Foi acolhido de braços abertos porque para o pai ele nunca deixou de ser filho, para o pai ele não perdeu o valor mesmo cometendo tantos erros, para o pai ele continuava especial e como tal deveria ser recebido.
Hoje muitos jovens perdem o jeito de voltar por medo da rejeição, das críticas, medo do dedo apontado em sua direção, medo das palavras duras, do castigo. Muitos pensam que não há mais retorno, que ninguém se importa mais com eles, que já não tem mais jeito, estão perdidos e não há mais solução para tantos erros.  E com esses pensamentos vão se enveredando cada vez mais para um caminho escuro que leva para a morte. Mas é preciso saber que a misericórdia de Deus vai além da nossa fraqueza e nós não a entendemos. Não importa em que caminho você tenha andado, se quiser voltar, tenha certeza o Pai estará sempre te esperando na varanda, no portão de sua casa e os braços estendidos para abrigá-lo em seu peito e dizer que o ama, que nunca deixou de amar, que aceita você de volta e que vai ajudar você. Para todo caminho há uma volta. Não tenha medo.
Se aquele jovem tivesse se apegado aos sentimentos que tumultuavam sua mente talvez não tivesse voltado para casa. Outro fato interessante é que ele reconheceu seus erros. E estava disposto a levar uma nova vida, mesmo que não fosse como filho, mas queria estar perto do pai nem que fosse como um empregado, isso lhe bastaria. Não importava ser tratado com um servo, desejava estar de volta à casa do pai onde poderia saborear o pão com fartura...  Reconheço que o filho pródigo era um jovem de atitude. Quando quis sair de casa foi firme em sua decisão, e quando sentiu o desejo de voltar também não hesitou. Enfrentou o desafio interior e retornou. É preciso atitude para mudar de vida, para retornar.
Quando o filho mais velho ao retornar do trabalho ouviu barulho de música e barulho de dança chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. O criado contou-lhe o que havia acontecido. Então ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai insistiu com ele, mas ele respondeu: “Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci ao qualquer ordem tua; e nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Quando chegou este teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho gordo!” O pai lhe respondeu: ”Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu, mas era preciso festejar e nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado.” A princípio tendemos dar razão ao filho mais velho, afinal ele que trabalhava de sol a sol, que estava junto do pai, cuidando das suas coisas... Mas na verdade sua atitude foi egoísta, não usou de misericórdia. Não se alegrou em ver o irmão que talvez julgassem estar morto, não foi capaz de ver a alegria do seu pai em receber o filho de volta, demonstrou ter um coração endurecido, incapaz de perdoar. E quando falou com o pai nem o chamou de irmão (este teu filho), mas o pai ao dar a resposta fez questão de frisar esse seu irmão estava morto... Como se dissesse não é apenas meu filho, é seu irmão! Seu irmão, meu filho! É seu irmão que voltou, alegre-se comigo! Ele foi reencontrado! Você já está comigo e me deu alegria todos estes anos, mas este teu irmão estava morto e tornou a viver, é preciso festejar, pois há muito não o víamos.
Esse encontro do filho pródigo com o pai é um momento único na vida daquele jovem e acredito que a partir daquele momento ele entendeu o verdadeiro sentido da sua existência e pode experimentar profundamente a misericórdia. Quantas jovens desejam ter esse encontro! Quantos pais esperam ansiosos seus filhos para darem um abraço! Muitos moram sob o mesmo teto, mas vivem em mundos diferentes, uns mortos, outros enfermos. Há um vazio na alma que precisa ser preenchido. Há uma busca frenética para satisfazer seus desejos, para sentirem felizes, mas em tudo que buscam não se sentem plenamente felizes; em alguns momentos talvez, mas quando a euforia passa o jovem vê que a alegria foi embora com efeito do álcool ou da heroína. Então ainda em si vê suas misérias e muitas vezes lhe falta atitude para voltar ou dar um grito por socorro! 
Finalizando este capítulo quero enfatizar uma coisa: nunca é tarde para voltar nem cedo demais para perdoar. Seja você o filho pródigo, o irmão mais velho ou o pai, o que nos move é o amor, portanto use sempre de misericórdia. O encontro com Deus modifica as pessoas e as impulsiona a ir atrás daqueles que estão longe, a receber bem os que retornam, mesmo aqueles que julgamos não merecer mais uma chance, mesmo aqueles que já retornaram várias vezes e se sucumbiram ao pecado, mesmo aqueles que não nos querem bem, portanto quem teve um encontro com Deus, encontrou o amor e amor perdoa, acolhe, é paciente, tudo suporta...

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